Então que hoje quando acordei, me deparei com a TRISTE noticia de que Wes Craven havia falecido neste último domingo. Não sei vocês, mas a noticia de que ele estava lutando contra um câncer no cérebro era novidade pra mim, então sua morte me pegou completamente de surpresa.
Wes era o que eu gosto de chamar de "gêmeo de aniversário" meu, não, eu não tenho 76 anos, mas nós dois partilhamos o mesmo dia e mês de aniversário, então... João Kléber também é nosso gêmeo de aniversário e em 2 de agosto de 1934, Hitler se tornava o Fuhrer na Alemanha, o que provavelmente explica algumas coisas do meu passado, mas isso tudo é uma história para um outro capitulo, anyway...
Wes... Espero que ele tenha tido uma ótima vida, que ele tenha amado, que tenha sido amado de volta, que tenha se divertido e realizado tudo o que gostaria de ter feito. O lance com os artistas e de pessoas "públicas"é que elas nunca serão capazes de saber e conferir, todas as vidas que eles influenciam, ajudam ou até mesmo prejudicam... Vejam a minha pessoa, por exemplo...
Eu cresci sem assistir filmes de terror, sério! No começo meus pais não me deixavam assistir, porque né? Alguma coisa coerente meus pais tinham que ter feito na minha infância... Que tipo de gente louca, deixa uma criança ver um banho de sangue e tripas na televisão? Depois... É, eu acabei ficando medrosa mesmo... Sei lá, na minha cabeça, enquanto eu estivesse assistindo "O Massacre da Serra Elétrica", Leatherface pularia de trás da televisão, sairia de dentro do vaso sanitário, pularia fora da minha geladeira, qualquer coisa assim... E também, quem quer ser lembrado constantemente que a qualquer momento a gente pode morrer? Eu não!
Então, cada vez que um grupo de amigos se reunia e surgia um filho de uma boa mãe, com uma VHS (sou dessas, minha adolescência/infância foi rebobinando fitas sim e velha é a senhora tua mãe) de um capeta chamado Chuck ou Premonição, ou qualquer ser que surgiu do toba do capeta, eu pulava fora... "Minha mãe tá me chamando", "Comi algo que não me fez bem", "Eu tenho que alimentar a minha lhama"... Seriously, eu dava todo e qualquer tipo de desculpas para ficar pelo menos 50 metros de distancia de um filme de terror...
Ai a besta aqui, arranjou o primeiro namorado... E cês sabem que normalmente, garotos e filmes de terror andam de mãos dadas, né? Pois é... E por namorado a gente faz coisas idiotas, então é claro, a gente "assistiu" no cinema "O Chamado", "O Amigo Oculto", "O Grito"... O Raio que o parta... Mas, pergunta se eu assisti de verdade? Assisti nada! Eu aproveitava que cinema é tudo escuro meu filho, e fechava o olho e pensava na "Pequena Sereia". Mas eu ia... Uma coisa é você ser "cagona" para os seus amigos, outra coisa é para o primeiro namorado, né? Meninas vão me entender bem... E quando que eu tomei vergonha na cara e realmente assisti um filme de terror?
Pois bem, namorados passaram... Não que tenham sido muitos... Eu estava no meu quarto, quero dizer, quarto problema amoroso e não quarto ambiente de casa, sacou? E eu estava viajando, fora do Brasil, olha que gostoso? Sozinha, mentira que eu estava com a minha melhor amiga, a Fran, mas... Ela estava ocupada arranjando marido e uma vida, enquanto eu estava caindo pelas tabelas, na nossa casa alugada, longe da nossa própria casa, dos nossos amigos, das nossas famílias, em pleno NATAL... Longe de ser uma capitulo especial e malandruxo de "Esqueceram de Mim", mais parecido com um "Grinch" contemplando o abismo.
Enfim... Isso foi em 2008, eu tinha o que? Uns 21? Olha que véia que eu tava para assistir ao primeiro filme de terror? Então, eu largada, Buenos Aires, NATAL... Vamos assistir o que? Um filme bonito, de família, que provavelmente um cachorro apronta todas e no fim do dia salva um orfanato em chamas? Ou com um bebê super inteligente que entra na universidade e descobre a cura do câncer a tempo de ir na ceia da família? É claro que não! Até porque eu não faço ideia se esses filmes realmente existem, mas também, eu não estava nada feliz, noite feliz o cacete, eu queria "morrer" e como morrer de verdade não era bem um opção, o que eu fiz? Achei dvd com os três filmes do "Pânico" e essa trilogia foi dirigida por quem? Wes Craven! Olha aonde eu queria chegar, chegando ai minha gente...
Era Natal, eu assisti SEIS horas seguidas de gente morrendo, gente correndo, gente sangrando e gente tentando sobreviver e qual a conclusão que eu cheguei disso tudo? Que não importa como a minha vida estava uma merda, eu não estava sendo perseguida por um cara de vestido de freira, com uma mascara branca, tentando me matar e isso meus queridos, era bom demais. E ai, o que aconteceu? Eu comecei a usar filmes de terror como forma de terapia, olha só que pessoa louca que eu era/sou?
É minha gente, porque assim, depois que eu voltei pra casa, minha vida amorosa desceu o morro abaixo, como se estivesse no Pelourinho gritando "Me morda que eu sou um acarajé". Ou seja, eu tava F%#($ e não era da maneira legal. E o que me ajudou em partes, a superar meus pubremas? Os filmes de terror! Eu comecei a ver tudo quanto que era filme, mata, morre, perde uma perna, você quer jogar um jogo? TUDO! (Até o fechamento desta matéria, eu já assisti 986 filmes de terror), e sim, ver o povo se lascando, se desmembrando, se afogando no próprio sangue... Me deixava mais calma, era aquilo que eu disse ali em cima, vendo tudo aquilo, eu pensava: "Poha, minha vida poderia estar pior, poderia estar que nem aquela loira peituda que acabou de ter o silicone preso na ponta da faca daquele cara deformado".
E para quem eu deveria escrever um cartão de agradecimento? Wes Craven. Por dois motivos: Primeiro que aquelas seis horas que passei com sua trilogia, de uma forma bem louca, acabou me ajudando e muito, psicologicamente naquele momento. E então, eu comecei a me "receitar" filmes de terror para curar minhas tristezas e angustias. Segundo que, "Pânico" acabou se tornando meu filme de terror favorito para TODO O SEMPRE. Não só por ter me ajudado, mas também pela história, pela trilha sonora, pela DIREÇÃO... Filmes de terror geralmente são estúpidos, vazios, o famoso "matar por matar"... Em "Pânico" não, existe um suspense, um não saber quem é que está por trás da máscara, quem será o próximo a morrer, qual o motivo que fez a pessoa surtar e matar todo mundo... É inevitável você não pensar durante o filme e tentar adivinhar quem é, e então prestar MUITA atenção nos detalhes e tudo mais...
Quase 20 anos se passaram desde que Wes nos apresentou ao primeiro "Pânico", com "nos" eu quero dizer vocês, que tinham idade o bastante para assistir e coragem na cara... E o que eu posso dizer é que, são poucos os filmes que vieram depois dele, que conseguiram fazer o mesmo feito. A morte de Wes, para mim é algo bem pessoal... Ele não fazia ideia de quem eu era, que fazíamos aniversário no mesmo dia, que ele me serviu de terapia... Mas além de tudo isso, a morte dele para mim, também traz uma parcela de morte do gênero "terror/suspense".
Wes foi um gênio. Não só por "Pânico", a filmografia dele é recheada de coisa boa e certamente, muita gente se influenciou no trabalho dele para lançar outras coisas maravilhosas para a gente assistir. E se depender de mim, Wes será imortal. Não apenas em meu coração, mas em cada oportunidade que eu tiver de fazer alguém conhecer o trabalho dele, eu aproveitarei. Como agora, por exemplo. Se alguém que estiver lendo esse texto (merece um beijo pela determinação em ler tanta coisa) e não conhecia o Wes, bem... Agora conhece, vai lá e procura um de seus filmes (de preferencia "Pânico"), se divirta e passe a informação para frente.
† Wes Craven - 2 de Agosto de 1939 - 30 de Agosto de 2015.
"Filmes de terror não criam medo, apenas os revelam..." (Wes Craven).
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